[...]Não é que de lá para cá não tenham despontado cantoras brilhantes,
dentro do paradigma triplo Elis Regina/ Gal Costa/ Maria Bethânia – é
possível citar Marisa Monte, Cássia Eller, Maria Rita, Ana Carolina ou
Vanessa da Mata, apenas para ficar em algumas das mais evidentes. O que
não se renovou após Elis foi a disposição de artistas (de quaisquer
sexos) para ocupar o papel épico e um tanto masoquista que a intérprete
gaúcha, voluntária e involuntariamente, desempenhou nos poucos e
intensos anos em que esteve na boca da cena musical local.
Frequentemente tomamos essa ausência como saudade, nostalgia e vazio,
mas não deixa de ser positivo que esteja vago há tanto tempo o trono de
Elis ou, antes dela, Carmen Miranda – aquele lugar do palco no qual
alguém sofre, se dilacera e sangra diante de nós para purgar nossas
próprias e ocultas dores.